Abordagens Contrastantes na NBA: Boston Celtics e Dallas Mavericks

A FEA Sports Business analisou o contraste entre a estratégia a longo prazo, frente a reatividade, e como ambos os caminhos levaram ao sucesso de ambas as equipes finalistas da NBA, que duelarão a partir de quinta-feira 06 de junho de 2024.

FEA Sports Business
5 min readJun 7, 2024

Por Filipe Antonio Neri

No dinâmico mundo da NBA, a construção de uma equipe vencedora pode seguir por caminhos diversos. As trajetórias recentes do Boston Celtics e do Dallas Mavericks, finalistas do certame 2024, ilustram duas abordagens distintas: os Celtics optaram por um planejamento estratégico a longo prazo, enquanto os Mavericks adotaram uma postura mais reativa. Esta crônica explora essas diferenças, analisando como cada equipe lidou com seus respectivos desafios e destacando os fatores que contribuíram para o sucesso de ambas nesta temporada.

Boston Celtics: Planejamento e Desenvolvimento Consistente

Desde 2016, o Boston Celtics se destacou por sua abordagem meticulosa e de longo prazo na construção de um time competitivo. Sob a liderança de Brad Stevens e, posteriormente, tanto de Ime Udoka quanto de Joe Mazzulla, a equipe adotou um modelo de desenvolvimento contínuo e aquisições estratégicas.

Desenvolvimento de Talentos

O foco no draft e no desenvolvimento de jovens jogadores foi crucial para os Celtics. A seleção de Jayson Tatum e Jaylen Brown trouxe à equipe dois pilares fundamentais. Tatum, escolhido em terceiro lugar no draft de 2017, rapidamente se estabeleceu como uma estrela em ascensão. Jaylen Brown, selecionado em 2016, complementa Tatum com sua versatilidade, defesa robusta e capacidade de pontuar em momentos críticos.

Jason Tatum (0) e Jaylen Brown (7) — GLOBE STAFF

Aquisição Estratégica de Veteranos

A adição de veteranos como Al Horford, Kristaps Porziņģis e Jrue Holiday trouxe experiência e liderança para a equipe. Horford, conhecido por sua defesa e inteligência de jogo, ajudou a estabilizar a equipe em momentos cruciais. Porziņģis, com sua habilidade de espaçar a quadra e proteger o aro, adicionou uma nova dimensão ao jogo dos Celtics. Holiday, um defensor de elite e líder vocal, complementou a jovem base com sua experiência em jogos decisivos.

Kristaps Porzingis (8) e Al Horford (42) protagonistas do “garrafão” Celta — Eric Canha

Continuidade na Liderança

A transição de Brad Stevens de técnico para presidente de operações de basquete e a continuidade sob Ime Udoka e Joe Mazzulla garantiram que a visão e a estratégia permanecessem coesas. Stevens, com seu profundo entendimento do jogo, trouxe uma perspectiva analítica à construção do elenco. Mazzulla, atualmente, mantendo a filosofia de jogo implementada por Stevens, continuou a desenvolver os talentos do time e a implementar ajustes táticos necessários para competir no mais alto nível.

Gestão Eficiente

Os Celtics demonstraram uma habilidade excepcional em identificar e adquirir talentos que se encaixam em seu sistema. O trabalho de scout e as contratações estratégicas garantiram que a equipe tivesse profundidade e versatilidade. A aquisição de Derrick White e Malcolm Brogdon (adquirido na temporada passada e que foi trocado na temporada atual), por exemplo, adicionou mais opções de criação e defesa no perímetro, fortalecendo a rotação da equipe.

Dallas Mavericks: Reatividade e Busca por Redenção

Em contraste, o Dallas Mavericks seguiu um caminho mais turbulento e reativo na construção de sua equipe. Após o título de 2010–2011 com Dirk Nowitzki, a franquia enfrentou dificuldades para manter a competitividade até a chegada de Luka Doncic.

Luka Doncic no Real Madrid — Crédito: Real Madrid

Ascensão de Luka Doncic

Luka Doncic, uma estrela em ascensão, foi a peça central na transformação dos Mavericks. A gestão da equipe demonstrou visão ao trocar escolhas de draft para garantir a terceira escolha de 2018, permitindo a seleção de Doncic. Seu impacto imediato e contínuo elevou a competitividade da equipe.

Instabilidade do Elenco

A estratégia reativa adotada pelos Mavericks tem sido marcada por movimentos rápidos e de alto risco, como a troca por Kyrie Irving. Embora Kyrie tenha trazido habilidade ofensiva, sua chegada em troca de jogadores-chave como Spencer Dinwiddie e Dorian Finney-Smith desestruturou a equipe temporariamente. A falta de continuidade impediu que os jogadores desenvolvessem a sinergia necessária para um desempenho consistente.

Kyrie Irving no Brooklyn Nets — Crédito: Maddie Meyer / AFP

Pressão e Ajustes

A pressão sobre Doncic para liderar a equipe em meio a constantes mudanças foi intensa. A gestão, ciente dessa pressão, focou em reforçar o elenco na “off-season” de 2023–2024. Aquisições como Derrick Jones Jr., Grant Williams e Seth Curry, bem como a seleção de Derrick Lively, demonstraram um esforço para equilibrar juventude e experiência.

Movimentos na Trade Deadline

Durante a trade deadline de 2024, os Mavericks adquiriram PJ Washington e Daniel Gafford, adicionando profundidade e versatilidade ao time. Esses movimentos estratégicos foram cruciais para solidificar a base ao redor de Doncic e Irving, culminando em uma campanha impressionante até as finais.

Time do Dallas Mavericks comemorando Crédito: Reprodução/Twitter — Dallas

Confronto das Abordagens

A comparação entre o planejamento a longo prazo do Boston Celtics e a abordagem reativa do Dallas Mavericks ilustra a importância de estratégias bem pensadas e consistentes. Enquanto os Celtics colheram os frutos de um desenvolvimento paciente e estratégico, os Mavericks mostraram que uma gestão reativa, quando bem executada, também pode levar ao sucesso.

Lições para Outras Equipes

Outras equipes da NBA podem aprender valiosas lições com o sucesso de ambas as franquias. Focar no desenvolvimento de talentos através do draft, investir em veteranos que agreguem valor e manter uma liderança consistente são estratégias que podem ser replicadas. Além disso, uma visão clara e um planejamento estratégico são essenciais para construir uma franquia de sucesso a longo prazo.

Conclusão

O futuro dos Celtics parece brilhante, com uma combinação de jovens estrelas e veteranos experientes, enquanto os Mavericks, após um período de instabilidade, encontraram seu caminho de volta à competitividade. A trajetória de cada equipe oferece lições valiosas sobre o que funciona e o que não funciona na construção de uma equipe vencedora na NBA. As finais de 2024 são um testemunho de que, independentemente da abordagem, a execução eficiente e a adaptabilidade são fundamentais para alcançar o sucesso no mais alto nível do basquete.

Doncic e Tatum se cumprimentando — Crédito: Reprodução/Twitter — NBA

Referências

https://www.espn.com.br/nba/artigo/_/id/11580276/kyrie-irving-e-trocado-para-os-mavericks-e-fara-dupla-com-luka-doncic

https://jumperbrasil.com.br/luka-doncic-aprova-trocas-do-mavericks-na-trade-deadline/

https://www.uol.com.br/esporte/ultimas-noticias/2022/06/05/nba-como-troca-louca-em-2013-ajudou-celtics-a-chegarem-na-final-em-2022.htm

https://basketball.realgm.com/analysis/275916/2024-NBA-Finals-Preview-Heliocentrism-Vs-Strength-In-Numbers

https://basquetebol.fandom.com/pt-br/wiki/Boston_Celtics#:~:text=No%20ano%20de%201946%2C%20o,Association%20of%20America%20(BAA).

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A FEA Sports Business é uma entidade universitária da FEA USP, que tem como objetivo fazer parte da mudança e da profissionalização da gestão esportiva no país.

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