Análise do mercado de transferências: 2024.2

Por que, nas últimas temporadas, observamos a vinda de jogadores “exóticos”, como Depay e Bolasie, que outrora não veríamos no Brasil? Qual o motivo para o aumento dos gastos em contratações no nosso futebol? Essas e outras frequentes dúvidas relacionadas ao mercado de transferências brasileiro serão esclarecidas ao longo de nosso texto ao explorarmos diferentes perspectivas a respeito disso.

FEA Sports Business
14 min readFeb 19, 2025

Por Caio Nishiye, Eduardo Cravo, Júlia Seith, Victor Rezende e Vitor Vieira

Nos últimos anos, o mercado de transferências no Brasil tem se transformado e mudado o contexto e a dinâmica do futebol brasileiro. De 2019 até 2024, por exemplo, observamos um aumento expressivo dos gastos dos clubes com contratações e a vinda de jogadores vindos da Europa que antes não eram ocorrência comum e agora passaram a ser. Ainda nesse recorte temporal, vemos também a consolidação do Brasil como a grande potência do futebol sul-americano, monopolizando os títulos da Libertadores, principal campeonato interclubes do continente, e concentrando os elencos mais estrelados do continente. Mas engana-se quem associa essa transformação a apenas um fator, uma vez que se trata de um tema complexo que é afetado por diversas variáveis.

Entre as causas, podemos destacar a vinda das SAFs (Sociedades Anônimas de Futebol), que permitiram um aumento significativo nos investimentos em contratações. Além disso, uma melhora da condição econômica do país também foi relevante para ajudar os clubes financeiramente e permitir que uma maior fatia do lucro fosse destinada a reforços. Por fim, fatores geopolíticos internacionais, como sanções, guerras e crises também foram decisivos para alterar a dinâmica do futebol no Brasil. Assim, exploraremos como esses fatores interagem para moldar o mercado de transferências no Brasil e as consequências que trouxeram para o futebol nacional.

Contratações Exóticas

Nas últimas temporadas, o futebol brasileiro tem registrado um aumento expressivo na contratação de jogadores estrangeiros, um fenômeno que reflete mudanças no cenário financeiro e esportivo tanto dos clubes brasileiros quanto no futebol mundial. Após a mais recente janela de transferências, o Campeonato Brasileiro atingiu um número recorde de 131 atletas estrangeiros (incluindo nove europeus) de 18 nacionalidades diferentes atuando na Série A. Esse número é particularmente impressionante considerando que, até 2022, o máximo de jogadores europeus em uma edição do torneio era de três atletas.

A mudança mais óbvia que pode ter causado esse aumento repentino é a recente decisão, de março de 2024, em que as equipes da primeira divisão aprovaram, de forma unânime, o limite de nove jogadores estrangeiros relacionados para uma partida de competições nacionais. Vale ressaltar que em 2023, os clubes já tinham votado um aumento de cinco para sete atletas.

Entre as recentes contratações, a que mais repercutiu foi a do neerlandês Memphis Depay, com passagens por Barcelona e Atlético de Madrid, que desembarcou em São Paulo para assinar um contrato de dois anos com o Corinthians. Não é incomum que jogadores de sucesso venham para o Brasil, no entanto, a grande maioria dos casos são daqueles que vêm encerrar as carreiras em seus clubes formadores. O caso de Depay gerou discussões sobre o que fez um jogador de apenas 30 anos sair de uma das melhores ligas de futebol do mundo para assinar com um clube brigando contra o rebaixamento.

Apresentação de Memphis Depay no Corinthians. Foto: Jairo Nascimento/CNN

Em um histórico recente, pode-se considerar que, com a chegada de Jorge Jesus e o sucesso do Flamengo em 2019, os clubes brasileiros começaram a ver técnicos estrangeiros (principalmente os portugueses) com outros olhos e, nas temporadas seguintes, mais nomes surgiram no cenário nacional como Luís Castro e Abel Ferreira. Essa nova realidade pode ter contribuído para aumentar a confiança de jogadores europeus ao apostarem no futebol nacional. Mas, provavelmente, o principal motivo que tem trazido atletas de renome ao país seja a mudança no modelo de gestão de alguns clubes, que deixaram de ser uma associação sem fins lucrativos para se tornar uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), pois possibilitou o crescimento das receitas e da capacidade orçamentária, permitindo que o Brasil oferecesse salários semelhantes aos da Europa e se tornasse um mercado mais atrativo.

Além disso, alguns especialistas, como o empresário André Cury, defendem que os jogadores optam por vir ao Brasil por estarem sem mercado na Europa, mas ainda com a possibilidade de receberem salários a nível europeu. “Os jogadores que vêm para cá […] são jogadores que não tinham mais espaço na Europa e são seduzidos pelos altos salários que o Brasil pode pagar. Eles não vêm por performance esportiva, vêm por estar encerrando a carreira e ter oferta melhor do Brasil”, opina Cury.

O caso de Depay pode ser analisado dessa forma, já que o jogador estava disponível no mercado desde o fim da temporada 23–24, quando não renovou contrato com o Atlético de Madrid após dois anos em que sofreu com várias lesões. O Corinthians, a princípio, fez uma oferta de R$2,5 milhões de reais por mês e ouviu que o jogador já havia recebido propostas semelhantes de times da Espanha e Arábia Saudita, mas que tinha a intenção de permanecer na La Liga. Assim, o acordo só foi fechado após o time brasileiro aumentar a primeira proposta que agora chega a pouco mais de R$70 milhões entre salários, luvas e bonificações nos 28 meses de contrato.

A decisão de jogadores como Depay em atuar no Brasil não apenas reforça a competitividade do campeonato, mas também eleva o nível técnico das equipes. A vinda desses jogadores de renome impacta diretamente na qualidade das partidas. Porém, o que talvez seja a consequência mais expressiva é que a chegada de jogadores europeus também fortalece a marca do futebol brasileiro no cenário internacional, atraindo novos patrocinadores e aumentando a visibilidade dos torneios sul-americanos. De acordo com relatório do Corinthians, o perfil do clube na rede social Instagram registrou um aumento de 915% no engajamento apenas na segunda-feira em que Depay foi anunciado. Além disso, segundo dados do Google, a plataforma nos Países Baixos registrou um aumento de 400% nas buscas pelo clube paulista e o nome do atleta foi o segundo termo mais buscado no Brasil no período da contratação, com mais de 1 milhão de acessos. “Esse tipo de movimentação pode resultar em mais patrocínios e novas oportunidades comerciais, além de contribuir para o crescimento das receitas de bilheteiras e das vendas de produtos”, destaca Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo.

Em contrapartida, dar espaço para jogadores mais experientes, pode resultar em menos oportunidades para os jovens da base, o que impacta a formação e o futuro do futebol brasileiro. Sendo assim, surge o questionamento se os clubes devem ou não apostar em “medalhões” europeus, cujas contratações podem ser motivadas, muitas vezes, por questões financeiras ou pela falta de espaço em suas ligas de origem, e privar os garotos da base de oportunidades nos times principais.

Economia Brasileira

Aumento de Patrocínios e Investimentos Privados (SAFs e BETs)

É fato que as Sociedades Anônimas de Futebol estão cada vez mais presentes no cenário esportivo nacional. No atual Campeonato Brasileiro, dos 20 clubes participantes, 8 deles são SAF, sendo eles: Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Cuiabá, Fortaleza, Red Bull Bragantino e Vasco da Gama. Esse aumento da quantidade de SAFs resulta, principalmente, na ampliação dos investimentos nos clubes, que consequentemente influenciam os valores gastos no mercado de transferências, provocando a inflação do mercado. Dessa maneira, é possível destacar que a presença das SAFs impacta, de maneira aumentativa, o mercado de transferências no âmbito financeiro.

Esse impacto das SAFs no mercado é evidenciado quando analisamos o valor gasto dos clubes na 2ª janela de transferências de 2024, 46% do valor total foi despendido por Bahia, Botafogo e Cruzeiro, clubes que viraram SAFs recentemente. Além disso, outro ponto que evidencia esse impacto são os valores gastos em algumas contratações, o Botafogo, por exemplo, contratou o jogador argentino, Thiago Almada, por R$123 Milhões, contratação mais cara da história do futebol Brasileiro.

Thiago Almada com Alessandro Brito, Head Scout do Botafogo. Foto: Giba Perez/ge

Além da presença das SAFs, outro aspecto que influencia diretamente no mercado de transferências brasileiro é a aparição das BETs, as famosas casas de apostas, como patrocinadores dos clubes. Atualmente, dos 20 times da série A do Campeonato Brasileiro, 18 possuem casas de apostas como patrocinadores masters. Esse alto percentual indica não só a grande influência das apostas no mundo atual, mas também o poderio financeiro das casas de apostas.

Esse poderio financeiro é notado pelos valores dos patrocínios no Brasileirão, os contratos das casas de aposta, por exemplo, ultrapassam o valor de R$450 milhões anuais. Além disso, outra maneira de perceber a influência financeira das BETs é pelas contratações financiadas por elas. A contratação do atacante Holandês, Memphis Depay, que custaria R$70 Milhões ao Corinthians, terá R$57 Milhões, 81% do valor total, financiados pela casa de aposta Esportes da Sorte patrocinadora principal do Timão.

Inflação do Mercado de Transferências

De acordo com um levantamento anual realizado pela Ernst & Young, a receita de 31 dos 40 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro alcançou R$11,1 bilhões em 2023, representando um aumento de 274% entre 2014 e 2023. Esse crescimento expressivo permitiu que os clubes gastassem mais em salários e contratações, elevando os preços e gerando inflação no mercado de transferências. Na janela de 2024, os clubes da Série A gastaram mais de R$2 bilhões, o dobro do ano anterior.

A inflação no mercado prejudica principalmente clubes menores, que enfrentam dificuldades financeiras para competir por jogadores talentosos e acabam vendendo jovens promessas para equilibrar suas finanças, como é o caso do Gabriel Martinelli, onde, em 2019, o Ituano vende o atacante por R$30 milhões para o Arsenal mesmo sabendo da sua alta margem de crescimento no futebol, na qual em uma futura venda poderiam lucrar mais com o jogador. Essa realidade demonstrada não apenas aumenta o desequilíbrio esportivo, mas também concentra renda nos clubes mais ricos.

Além disso, a elevação dos preços gera maior pressão por resultados, levando a decisões precipitadas, como demissões de técnicos com pouco tempo de trabalho, o que compromete a estabilidade de longo prazo, como por exemplo é o caso do Rogério Ceni em 2019 no Cruzeiro, no qual a diretoria gastou o equivalente a R$ 80 milhões com reforços e viu o Técnico, com apenas 8 jogos, ser altamente questionado por jogadores veteranos e foi demitido com 2 meses de trabalho. Nesse mesmo ano, o Cruzeiro foi rebaixado pela primeira vez na história, marcada por uma crise financeira profunda.

Brasileirão: Segunda Liga Mais Lucrativa em Transferências

De acordo com dados recentes do Observatório do Futebol do CIES (Centro Internacional de Estudos do Esporte), o Campeonato Brasileiro se consolidou como a segunda liga mais lucrativa do mundo em transferências de jogadores na última década. Como destacado pelo estudo, os clubes brasileiros acumularam receitas de €1,49 bilhão nesse período, ficando atrás apenas da Liga Portuguesa, que lidera com €2,3 bilhões.

Esse resultado reflete uma combinação de fatores: o investimento crescente na formação de jogadores de alto nível, as estratégias de negociação de clubes nacionais e a atração de talentos estrangeiros, potencializados pelo modelo SAF (Sociedades Anônimas de Futebol). Segundo o site Poder360, a capacidade de exportar atletas e capitalizar sobre o talento local posiciona o futebol brasileiro em um patamar privilegiado no mercado global de transferências, superando ligas tradicionalmente mais ricas e organizadas.

Extraído do portal Poder360.

Impacto Estratégico para os Clubes

A posição destacada do Brasileirão no cenário mundial de transferências reforça a relevância das negociações internacionais como uma fonte essencial de receita para os clubes nacionais. Além disso, essa lucratividade também se traduz em investimentos significativos em contratações, como visto nas recentes janelas de transferências abordadas ao longo do texto. Estratégias bem-sucedidas como as implementadas pelo Bahia e Fortaleza, agora SAFs, demonstram como a gestão profissional pode maximizar o retorno financeiro e esportivo.

Cenário Sul-Americano

A Copa Libertadores da América, campeonato extremamente tradicional do continente sul-americano, passa por um momento extremamente inusitado. Desde 2019, apenas clubes brasileiros se sagram campeões da competição, essa hegemonia nunca havia sido vista antes.

Esse predomínio do Futebol Brasileiro em relação ao resto do futebol sul-americano é justificado pela superioridade financeira dos clubes brasileiros. Um exemplo disso é o aumento da diferença nas folhas salariais dos times brasileiros e argentinos, de acordo com a pesquisa do site Somos Fanáticos, em 2020 a diferença era de 0,6%, enquanto que 4 anos depois, em 2024, a diferença é de 52,7%. A disparidade dos salários descrita na pesquisa afeta diretamente a decisão dos jogadores, que preferem jogar em times que lhes ofereçam melhores condições financeiras. Ou seja, a predominância financeira dos clubes brasileiros influi na chegada de novos jogadores ao futebol nacional.

Geopolítica

Declínio das ligas do segundo escalão ao redor do mundo

As ligas alternativas na Europa estão perdendo força esportivamente e financeiramente, já que não apresentam times competitivos para disputas continentais e seus campeonatos nacionais não possuem um nível de competição alto se comparado ao campeonato brasileiro e aos principais campeonatos europeus. A Liga Turca, que já foi um destino cobiçado por atletas interessados em atuar por seus principais clubes, como Fenerbahçe, Besiktas e Galatasaray, hoje não possui a mesma relevância. Principalmente nos anos 2000 e 2010, esses times viveram seu auge no cenário europeu, mas por diversos fatores — políticos, econômicos e até mesmo culturais — perderam protagonismo na Europa. Nesses tempos, vários craques brasileiros eram seduzidos por times turcos: Alex, Felipe Melo, Taffarel, Elano e etc. A questão turca tem relação com a crise econômica e política que o país enfrenta há anos, não há alternância no poder Executivo da Turquia. O presidente Erdogan, que ocupa a presidência desde 2003, foi reeleito recentemente para mais um mandato. O país vive um cenário interno conturbado, após tentativas de golpe de estado fracassadas, um ambiente político que predomina o autoritarismo e fundamentalismo, e um momento econômico complicado, em que se vê sanções impostas pelos EUA, aumento da taxa de câmbio e da dívida externa. Devido a esse panorama de incertezas, muitos jogadores, antes seduzidos pelo projeto esportivo dos times, hoje já não miram a Turquia como um possível destino para sua carreira.

Alexsandro de Souza, ídolo do Fenerbahçhe. Foto: Reprodução / Imortais do Futebol

De maneira geral, o declínio contínuo da Liga Turca está alinhado com crises políticas e econômicas profundas, como apontado pelo Politize, que destaca a alta inflação e as sanções econômicas enfrentadas pelo país. Esses fatores reduzem a capacidade de investimento dos clubes turcos e tornam o mercado menos atrativo para jogadores sul-americanos e europeus. A instabilidade política e a concentração de poder no governo atual também afetam diretamente a sustentabilidade econômica desses clubes.

Outra liga, outrora vista como um possível expoente no futebol asiático, a Liga Chinesa perdeu força no cenário mundial após diversas mudanças regulatórias e o impacto de uma crise sanitária catastrófica, a COVID-19. Similarmente, as mudanças regulatórias e os cortes nos orçamentos para contratações internacionais enfraqueceram a Liga Chinesa, segundo análise da Inteligência Financeira. Essas restrições afastaram investidores estrangeiros, tornando o mercado asiático menos atrativo tanto para atletas quanto para clubes que viam ali um destino lucrativo para seus jogadores.

Confronto Bélico Rússia-Ucrânia

A guerra entre Rússia e Ucrânia impactou diretamente o cenário futebolístico, enfraquecendo as Ligas Russa e Ucraniana, antes consideradas mercados de segunda prateleira na Europa. Segundo Akhras (2024), essas competições eram importantes para a formação de jovens talentos sul-americanos e africanos, mas perderam atratividade devido à instabilidade gerada pelo conflito. A Rússia, que costumava ser um destino frequente para jogadores brasileiros, viu seu mercado encolher com a desvalorização do rublo e a retração econômica, enquanto clubes como o Shakhtar Donetsk enfrentam graves dificuldades operacionais.

Essa perda de relevância é ainda mais significativa considerando que ambas ligas eram porta de entrada de talentos na Europa, pois eram campeonatos ideais para o desenvolvimento de jovens promessas, de ambientação ao mercado de futebol do velho continente e suas diferentes características se comparado ao mercado sul-americano, onde se preza mais pela obediência tática e pela construção coletiva em detrimento da individualidade. Os times ucranianos viveram seu auge no começo dos anos 2010, contratando diversos talentos brasileiros, que futuramente, seriam exportados para times e mercados de maior relevância na Europa, como foi o caso de Willian, ex-jogador do Chelsea, David Neres, talento da base do São Paulo e outras promessas. Além de conseguir a contratação desses jovens, os clubes ucranianos montavam fortes elencos para a disputa dos campeonatos europeus, como a Champions League, o que tornava ainda mais atraente a ida dos jogadores para esse mercado alternativo. Shakhtar Donetsk e Dínamo Kiev eram os principais destinos na Ucrânia, visto que esses clubes tinham presença quase que garantida nos principais torneios do continente.

A Rússia também era um mercado muito visado na Europa, considerado um campeonato alternativo para jogadores que já não despertavam o interesse de clubes das principais ligas europeias, além de jovens em sua primeira passagem pelo continente. No início dos anos 2010, era culturalmente comum que clubes russos contratassem talentos promissores da América do Sul para fortalecer seus elencos, tanto no Campeonato Russo quanto em competições continentais, como a Champions League e a Europa League. Clubes como Zenit, Spartak Moscow, CSKA, Lokomotiv Moscow e Dínamo Moscow se destacavam nesse cenário, investindo em jogadores estrangeiros para competir em alto nível. No entanto, a eclosão da guerra Rússia-Ucrânia mudou drasticamente essa dinâmica.

Jogadores brasileiros retornando ao Brasil após o início do confronto Rússia-Ucrânia. Imagem: Reprodução/Instagram.

Paralelamente, o Campeonato Brasileiro tem se beneficiado dessa crise geopolítica. Posicionando-se como uma alternativa mais estável e competitiva, o Brasil atrai jogadores que antes optariam por mercados europeus alternativos, como a Rússia e a Turquia. O fortalecimento das SAFs e a crescente profissionalização dos clubes brasileiros têm consolidado o país como um destino viável e promissor, tanto para talentos emergentes quanto para jogadores experientes em busca de estabilidade e competitividade esportiva.

No cenário futuro, o Brasil tem o potencial de consolidar-se como um importante hub de transição global para jogadores, impulsionado pela estabilização econômica e pela crescente profissionalização. Conforme destacado pelo relatório da Inteligência Financeira, clubes brasileiros podem desempenhar papel fundamental na redistribuição de talentos globais, utilizando sua posição estratégica no mercado sul-americano para atrair jogadores de ligas europeias e asiáticas em retração.

Tendências para o futuro próximo no Brasil:

A estabilidade econômica do país, aliada à consolidação das SAFs, permite que as equipes brasileiras invistam em contratações de maior impacto, aproximando o campeonato brasileiro aos padrões observados em ligas intermediárias na Europa. Essa tendência, no entanto, exige atenção redobrada para evitar desequilíbrios financeiros entre clubes grandes e de menor expressão, podendo comprometer a competitividade, uma das características mais marcantes do futebol brasileiro.

A melhoria na qualidade do Campeonato Brasileiro e a visibilidade internacional conquistada em competições como a Libertadores tornam o Brasil uma opção cada vez mais interessante para atletas que buscam competitividade e estabilidade, características buscadas principalmente pelos jogadores das ligas Ucraniana e Russa, como comentado previamente.

A profissionalização do scouting será uma peça-chave nesse cenário, transformando a forma como os clubes brasileiros montam seus elencos. O exemplo do Botafogo, que conseguiu partir de um time disputando a Série B para um finalista da Libertadores em poucos anos, ilustra o impacto de um departamento de análise bem estruturado, com contratações como Igor Jesus e Barboza, que chegaram gratuitamente ao clube. O uso de tecnologia avançada, dados estatísticos e inteligência de mercado permitirá aos clubes identificar talentos com potencial de retorno técnico e financeiro, reduzindo erros em contratações e aumentando a eficiência dos investimentos. Essa abordagem deve ser replicada por outros clubes que desejam se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

Além disso, a internacionalização do futebol brasileiro deve se intensificar, ampliando sua visibilidade e atraindo novos patrocinadores. O aumento da presença de jogadores europeus e de outros mercados fortalece a marca do Campeonato Brasileiro, gerando maior interesse por parte de investidores estrangeiros e consolidando a competição como uma das mais atrativas do mundo. Um maior cuidado por parte da CBF com a roupagem do campeonato, parcerias estratégicas com grandes empresas globais e o desenvolvimento de transmissões internacionais podem transformar o Brasileirão em um produto forte fora do país, capaz de rivalizar com as principais ligas mundiais em termos de alcance e relevância.

No cenário futuro, o Brasil tem o potencial de consolidar-se como um importante hub de transição global para jogadores, impulsionado pela estabilização econômica e pela crescente profissionalização. Conforme destacado pelo relatório da Inteligência Financeira, clubes brasileiros podem desempenhar papel fundamental na redistribuição de talentos globais, utilizando sua posição estratégica no mercado sul-americano para atrair jogadores de ligas europeias e asiáticas em retração.

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A FEA Sports Business é uma entidade universitária da FEA USP, que tem como objetivo fazer parte da mudança e da profissionalização da gestão esportiva no país.

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