ATLETISMO: A TRAJETÓRIA DESDE A PRIMEIRA LARGADA
História, figuras notáveis e perspectivas.
Ana Karoline, Gabriel Landim, João Mesquita e Lucas Muniz.
ATLETISMO: RAÍZES E DESENVOLVIMENTO
Inerente aos instintos de sobrevivência dos seres humanos, a prática primitiva de correr, como meio para a fuga de predadores e caça de presas, pode ser considerada como o início do que hoje chamamos de Atletismo. Ainda que, hoje, não seja necessário caçar o alimento, bem como não seja tão comum a fuga de predadores, anos de estudos sobre esse impulso instintivo possibilitaram a descoberta de benefícios advindos da corrida, assim como melhores práticas para o máximo aproveitamento dessa atividade. A corrida, aliada à, também instintiva e antiga, competição entre humanos, possibilita a criação de um esporte regulamentado e respeitado, compilando diversas influências, estilos e níveis de dificuldade.
Adentrando profundamente na história dessa modalidade, percebe-se que as primeiras referências conhecidas às competições de atletismo organizadas, datam do período de 3800 a.C, no Antigo Egito (mais precisamente, em Memphis), onde havia corridas em um percurso de, aproximadamente, 800 metros, de um pilar a outro.
Entretanto, talvez o marco mais conhecido do início do Atletismo nos remete à Grécia Antiga. Com ênfase, os famosos Jogos Olímpicos da Antiguidade: o primeiro data de 776 A.C., com a realização de uma corrida de aproximadamente 185 metros - a qual foi vencida por Coroebus, que se sagrou o primeiro campeão olímpico da história.
Por sua vez, o Atletismo, tal como conhecido atualmente, foi moldado na Inglaterra, durante o século XIX. Resumidamente, engloba corridas, saltos, lançamentos e provas combinadas. Os primeiros Jogos Olímpicos da era Moderna foram realizados em Atenas, no ano de 1896, com a disputa de 12 eventos de atletismo entre 63 atletas de nove nações.
Contudo, até aquele momento não havia um órgão regulador especializado em todas as atividades que envolviam o Atletismo. Por isso, em 1912 foi fundada a Federação Atlética Amadora Internacional (IAAF - sigla em inglês), criando 2 anos depois a definição das primeiras regras técnicas (tais como a desclassificação por três falsas partidas), e, 12 anos depois, a alteração em sua constituição para incluir as mulheres no esporte, com a criação do Comitê Feminino).
No decorrer do século XX, a IAAF considerou os Jogos Olímpicos como o único campeonato a nível mundial da modalidade. Entretanto, no final desse mesmo período, os membros do órgão decidiram criar uma outra competição com a mesma relevância. Surgiu assim, o Campeonato Mundial de Atletismo, com sua disputa sendo iniciada em 1983, na Finlândia.
Atualmente, a World Athletics - antiga IAAF - determinou, em 2003, que a realização deste campeonato ocorra um ano antes e um posterior às Olimpíadas. A última edição foi realizada em Doha (Catar), contando com 49 eventos e possuindo a equipe norte-americana como maior campeã de medalhas. Ao todo foram 29 medalhas conquistadas, sendo 14 de ouro.
Considerando a longa e rica história do atletismo, é fortemente recomendada a visita à linha do tempo, disponível no site da World Athletics, que dispõe de quatro intervalos de tempo relevantes na história do atletismo (até 1930; entre 1940 e 1970; década de 80 até final do século XX; século XXI).
PRINCIPAIS NOMES DO ATLETISMO
Quando se pensa nos principais nomes da história do Atletismo, convém fazer um recorte temporal, uma vez que as modalidades evoluíram consideravelmente ao longo do tempo, dadas as diferentes condições materiais, aprimoramentos científicos e características culturais das localidades. Ademais, pela maior rastreabilidade dos registros históricos contemporâneos em comparação àqueles feitos na Antiguidade, elencamos apenas alguns personagens que marcaram a história das Olimpíadas Modernas.
- Usain Bolt
O jamaicano Usain Bolt se destaca pelos vários recordes acumulados durante sua vitoriosa carreira como velocista, além de seu imenso carisma que o faz ser considerado por muitos como um dos atletas mais famosos e queridos do mundo.
Ele é detentor dos recordes mundiais nos 100 e 200 metros rasos, proeza alcançada durante a final do Mundial de Atletismo na Alemanha, em 2009. Bolt completou a prova dos 100 metros rasos em incríveis 9 segundos e 58 centésimos, e a dos 200 metros em 19 segundos e 19 centésimos. Além dessas marcas, Bolt ainda divide o recorde do revezamento 4 x 100 metros com seus companheiros Nesta Carter, Michael Frater e Yohan Blake. O quarteto completou a prova em 36 segundos e 84 centésimos na Olimpíada de Londres, em 2012.
- Jesse Owens
Conhecido como “O homem que calou Hitler”, o americano Jesse Owens se tornou um símbolo da luta anti-racista no esporte. A Olimpíada de 1936 foi disputada na Alemanha nazista, e os organizadores do evento se esforçaram para promover sua ideologia de extrema-direita. Para tal fim, o governo alemão investiu na preparação de seus atletas, a fim de que eles ganhassem o maior número de medalhas e ajudassem a promover a doentia ideia de “supremacia branca”.
No entanto, os planos dos alemães foram frustrados por Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas olímpicas e ainda quebrou os recordes mundiais nos 200 metros rasos e no revezamento 4 x 100 metros. A vitória do homem negro sobre os nazistas se tornou um símbolo importante na luta contra esta ideologia da extrema-direita, e ainda influência vários atletas também engajados na luta anti-racista.
- Elizabeth Robinson
A Olimpíada de Amsterdã, em 1928, marcou a inserção da modalidade feminina do atletismo no programa olímpico, fruto da luta feminista por maior igualdade no meio esportivo.
A primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro nos 100 metros rasos foi a americana Elizabeth Robinson, que na época tinha apenas 16 anos. Até hoje, Robinson é a mulher mais jovem a ter conquistado uma medalha olímpica. Ela completou a prova dos 100 metros em apenas 12 segundos e 2 centésimos, estabelecendo um recorde mundial para a época. Sua marca só foi batida em 1988 pela americana Florence Griffith, que bateu a marca dos 10 segundos e 49 centésimos.
A história de Elizabeth foi, também, marcada pela superação. Em 1931, ela e o irmão estavam viajando em um avião bimotor, quando o motor falhou e a aeronave caiu. Os dois chegaram a ser declarados mortos pela equipe de resgate, que os colocou no porta-malas de um carro e só descobriu que os irmãos estavam vivos quando chegaram a uma funerária e abriram o porta-malas outra vez.
Elizabeth ficou durante muito tempo hospitalizada e não conseguiu participar da Olimpíada de 1932, mas voltou em 1936 e ajudou os Estados Unidos a conquistar a medalha de ouro no revezamento feminino.
DESTAQUES ATUAIS
Embora as olimpíadas tenham sido adiadas, alguns nomes ainda são considerados favoritos para conquistar as medalhas em Tóquio.
No salto com vara, o fenômeno sueco Armand Duplantis é considerado o favorito na modalidade masculina, após ter batido o recorde mundial de 6,15 metros, que já durava 36 anos. Já na modalidade feminina, a grega Katerina Stefanidi é a favorita. Ela recebeu a medalha de ouro em 2016 e em 2020, numa competição realizada no quintal de sua casa devido à pandemia, bateu a bicampeã olímpica Katie Nageotte.
No arremesso de peso, a esperança está depositada no brasileiro Darlan Romani, considerado como um dos favoritos ao pódio na categoria masculina. Em 2019, Darlan foi bicampeão da modalidade nos Jogos Mundiais Militares e atingiu a melhor marca da carreira nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Na categoria feminina, as duas favoritas para 2022 são a americana Michelle Carter, campeã olímpica em 2016, e a chinesa Lijiao Gong, atual campeã mundial.
O Atletismo no Brasil
Ainda que seja uma das modalidades mais conhecidas e prestigiadas das olimpíadas, o atletismo segue passando por inúmeras dificuldades no Brasil. Sede das olimpíadas de 2016, o esperado era completamente o contrário, com perspectiva de ter mais atenção, mais investimento e mais popularidade. No entanto, o que realmente aconteceu foi o oposto.
Ao longo do tempo, ocorreram várias situações prejudiciais para a modalidade, como equipes sendo fechadas e projetos sendo encerrados. Além disso a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) passa por uma crise interna, com problemas de cunho financeiro e político, principalmente após a renúncia do cargo pelo antigo presidente, após acusações de fraude.
Além de todos os problemas já citados, o maior clube de atletismo do país, a B3, parou de investir na modalidade e retirou seu patrocínio. Dadas as circunstâncias, alguns atletas tiveram que procurar saídas para continuar a prática esportiva. Alguns foram para a Orcampi, enquanto outros acabaram ficando sem equipe para representar, tendo que procurar locais alternativos para treino.
Contudo, desta vez, é a Orcampi que está passando por problemas relacionados ao baixo investimento que não deverão ser solucionados, já que a equipe recebe investimentos de apenas três empresas em projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. O coordenador também diz que uma saída para os problemas seria buscar formas de atrair investimento privado, sob o argumento de que a modalidade não pode depender apenas do parco investimento público.
Marilson dos Santos, fundista brasileiro, é outro que denuncia a falta de investimentos na modalidade no Brasil, e demonstra preocupação com o rumo político relacionado aos esportes. Marilson acredita que a fusão do ministério da saúde com o ministério do esporte pode deixar as prioridades do esporte em segundo plano e tornar os recursos ainda mais escassos.
FONTES:
- Coroa de louros ao invés de medalhas. E só para o campeão!
- Atletismo CBAt
- História do Atletismo — World Athletics
- Toda Matéria - Atletismo
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Mundial_de_Atletismo
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Mundial_de_Atletismo_de_2019
- 10 atletas para ficarmos de olho nas Olimpíadas
- Campeã do salto com vara nas Olimpíadas Rio 2016, grega vence competição no quintal de casa
- Fenômeno sueco quebra marca obtida por Bubka há 26 anos no salto com vara.
- Primeira campeã dos 100 metros tinha 16 anos e superou até a morte.
- Dez anos dos 9s58: sem Bolt, recorde dos 100m vira realidade bem distante no Mundial de Doha
- Jesse Owens calou Hitler e virou símbolo contra o racismo.
- Marilson dos Santos critica falta de investimento no esporte
- Atletismo no Brasil tenta sobreviver a crise política e financeira