Orgulho LGBTQIAP+ no Esporte

FEA Sports Business
5 min readJun 28, 2024

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A FEA Sports Business abordou, durante o mês do orgulho LGBTQIAP+, as campanhas relacionadas a essa nobre causa, ressaltando sua importância, relevância e o crescente espaço que vem ganhando nos últimos anos. Esse período tem o propósito de reconhecer e celebrar as conquistas da comunidade LGBTQIAP+ e promover a aceitação das pluralidades sexuais e de gênero.

Por Eduardo Cravo e Filipe Neri

O universo esportivo desempenha um papel central na sociedade, sendo uma das principais formas de entretenimento, mas principalmente um agente de transformação social. No entanto, esse ambiente também foi responsável por marginalizar muitos indivíduos inseridos na comunidade LGBTQIAP+ por promover padrões sociais, como a heterossexualidade e masculinidade, e segregar quem se afastasse desse retrato. Uma comprovação disso foi a pesquisa realizada pela Nix Diversidade (ONG), que mostrou que 63% dos brasileiros já presenciaram ou foram vítimas de atos discriminatórios durante a atividade esportiva por sua orientação sexual. Por conta disso, as campanhas no esporte são vitais para combater o preconceito e a discriminação e conscientizar os milhões de espectadores e praticantes de esporte no mundo ao promover a aceitação e o respeito pela diversidade. Assim, transformando não só o mundo do esporte, mas também a sociedade em um local mais inclusivo e favorável às diferentes manifestações individuais.

Em 2021, vimos marcos históricos que sinalizam avanços significativos, mas que também nos lembram dos desafios contínuos. Quinn, atleta de futebol canadense, tornou-se a primeira pessoa trans não-binária a conquistar uma medalha olímpica ao ganhar o ouro com a seleção feminina de futebol do Canadá nos Jogos de Tóquio. Este feito não apenas celebra a excelência esportiva de Quinn, mas também abre caminhos para a visibilidade e aceitação de atletas transgêneros no cenário esportivo global. A presença de Quinn nas Olimpíadas serve como um lembrete de que a inclusão é possível e necessária, e destaca a importância de políticas esportivas que respeitem e reconheçam a identidade de gênero de todos os atletas.

Quinn na Copa do Mundo de 2023. Foto: Hannah Mckay/Reuters

Outro momento marcante de 2021 foi a participação de Laurel Hubbard, uma levantadora de peso da Nova Zelândia, que se tornou a primeira atleta transgênero a competir nas Olimpíadas. Mesmo enfrentando uma avalanche de críticas e debates sobre a equidade na competição, a presença de Hubbard nos Jogos Olímpicos representou um passo significativo para a inclusão de atletas trans no esporte de alto rendimento. A história de Hubbard desafia as normas tradicionais e nos força a reavaliar as políticas de inclusão e a criar um espaço onde todos possam competir em igualdade de condições.

Hubbard em Tóquio — Foto: Chris Graythen/Getty Images

Além das conquistas individuais, as campanhas institucionais também têm desempenhado um papel vital na promoção da inclusão. Em 2021, o Vasco da Gama, tradicional clube de futebol brasileiro, lançou uma camisa com uma faixa nas cores do arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIAP+. Esta iniciativa não só celebra o orgulho LGBTQIAP+, mas também envia uma mensagem poderosa contra a discriminação e a favor da diversidade no esporte. A campanha do Vasco é um exemplo de como os clubes podem utilizar sua plataforma para promover a inclusão e educar seus torcedores sobre a importância do respeito e da aceitação.

Camisa do Vasco em alusão ao Orgulho LGBTQIAP+

Apesar desses avanços, a desigualdade ainda persiste, especialmente no futebol masculino, onde o machismo e a homofobia são barreiras significativas para que os atletas assumam publicamente sua orientação sexual. A coragem de jogadores como Josh Cavallo e Jake Daniels, que se declararam gays, é inspiradora e representa um passo crucial para a normalização da diversidade sexual no esporte. No entanto, o número de atletas que se sentem seguros para se assumir publicamente ainda é pequeno, refletindo a necessidade de uma mudança cultural mais ampla.

Josh Cavallo (esquerda) e Jake Daniels (direita), atletas que se declararam gays — Marca

Em contraste, o futebol feminino tem mostrado um ambiente relativamente mais acolhedor para as atletas LGBTQIAP+. Jogadoras como Marta e Cristiane têm se destacado não apenas por suas habilidades em campo, mas também por sua abertura em relação a seus relacionamentos com outras mulheres. A visibilidade dessas atletas não só celebra a diversidade, mas também oferece modelos positivos para jovens atletas que lutam com sua identidade sexual.

Marta e seu novo romance Carrie Lawrence — Foto: Reprodução/Orlando Pride

É fundamental que as campanhas de inclusão continuem a crescer e a se fortalecer. Precisamos de mais iniciativas que promovam a aceitação e o respeito pela diversidade, tanto em nível institucional quanto individual. A transformação cultural dentro do esporte exige um compromisso contínuo de todos os envolvidos — atletas, clubes, federações e torcedores. Somente assim poderemos construir um ambiente verdadeiramente inclusivo, no qual todos os atletas possam competir e se expressar livremente, sem medo de discriminação ou represálias.

Casos de superação como o de Lia Thomas, nadadora transgênero, que competiu pela Universidade da Pensilvânia e enfrentou uma enorme pressão e críticas públicas, destacam a resiliência e a determinação necessárias para competir em um ambiente muitas vezes hostil. Thomas, que se tornou a primeira atleta transgênero a vencer um título da NCAA em uma competição de natação, é um exemplo poderoso de como a perseverança pode superar o preconceito.

No vôlei, Douglas Souza, atleta da Seleção Brasileira, também se destacou ao se assumir publicamente gay. Douglas tem utilizado suas redes sociais para falar abertamente sobre sua sexualidade e enfrentar os desafios do preconceito no esporte. Sua visibilidade e autenticidade têm inspirado muitos jovens atletas a serem verdadeiros consigo mesmos, independentemente das expectativas sociais.

As campanhas no presente são um reflexo do progresso que já fizemos, mas também um lembrete do longo caminho que ainda temos pela frente. A inclusão no esporte é uma jornada contínua, e cada passo adiante, por menor que seja, é uma vitória para a igualdade e o respeito. Continuemos a lutar por um futuro onde todos os atletas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, possam brilhar e ser celebrados por quem realmente são.

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Written by FEA Sports Business

A FEA Sports Business é uma entidade universitária da FEA USP, que tem como objetivo fazer parte da mudança e da profissionalização da gestão esportiva no país.

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