JOGOS OLÍMPICOS: UM GRITO DA ANTIGUIDADE QUE ECOOU PELA CONTEMPORANEIDADE
Origens, novas modalidades, lendas e promessas das Olimpíadas
Por Danilo Resca, Isabelly Menezes, Marcelly de Castro e Rudá Emídio.
PERCORRENDO A LINHA DO TEMPO
Filosofia, literatura, democracia… as contribuições da civilização grega para o modo de vida no ocidente são tamanhas que a civilização grega é considerada o berço da civilização ocidental.
Em relação ao cenário esportivo, é perceptível que a importância dessa civilização é tão grande quanto em todas as outras esferas da sociedade, já que a gênese dos Jogos Olímpicos, principal competição esportiva do planeta, remonta à Grécia Antiga, entre os séculos 12 e 9 a.C. Na Antiguidade Clássica, os jogos ocorriam em Olímpia e tinham um forte caráter religioso, posto que foram concebidos para homenagear Zeus (principal divindade da mitologia grega). Ademais, o principal objetivo desses eventos era o apaziguamento das tensões entre cidades-estados gregas, por meio das disputas esportivas.
Nessas competições, apenas cinco modalidades estavam presentes: salto, corrida, luta corporal, lançamento de disco e lançamento de dardo. É interessante notar que as modalidades disputadas nas Olimpíadas gregas se perpetuam até os dias de hoje, ainda que algumas modificações tenham sido implementadas. Quatros dessas cinco modalidades (salto, corrida, lançamento de disco e lançamento de dardo) estão inseridas dentro do atletismo atualmente. Por sua vez, a luta corporal ainda é uma modalidade singular e é mundialmente conhecida como Wrestling - no Brasil, a denominação Luta Greco-Romana também é comumente utilizada.
Com a derrocada da antiga civilização grega, a chama olímpica ficou apagada por muito tempo. Porém, em 1890, o aristocrata suíço Pierre de Frédy, conhecido como Barão de Coubertin, resolveu reavivar o sentimento olímpico ao criar os Jogos Olímpicos da era Moderna.
Para tanto, Coubertin apresentou à União das Sociedades Francesas de Esportes Atléticos (USFSA) a proposta de criação de um comitê olímpico internacional diretamente inspirado nos antigos jogos. Em 1894, o comitê foi criado, tendo como secretário-geral Coubertin e, como presidente, o grego Demetrius Vikelas. Para que a criação do evento se remetesse às Olimpíadas gregas, definiu-se que a primeira edição deveria ser realizada na Grécia. Por isso, Atenas sediou em 1896 a primeira edição da história das Olimpíadas da Era Moderna. Desde então, rigorosamente a cada quatro anos os jogos olímpicos são realizados.
As únicas exceções foram: a edição especial de 1906, o cancelamento dos jogos de 1916, 1940 e 1944 - devido à Primeira e a Segunda Guerra Mundiais, respectivamente -, e a postergação por um ano da edição de 2020 em decorrência da pandemia de Covid-19.
NOVAS CARAS DAS OLIMPÍADAS
Os Jogos Olímpicos de 2021 terão 5 novas modalidades em relação às Olímpiadas Rio 2016.
- Beisebol/Softbol: o softbol será disputado por 6 equipes femininas determinadas pela Confederação Internacional de Beisebol e Softbol (Austrália, Canadá, Estados Unidos, Itália, Japão e México). Já o beisebol será disputado por 6 equipes masculinas (Israel, Coreia do Sul, Japão, México, Estados Unidos e República Dominicana).
- Escalada Esportiva: com 20 homens e mais 20 mulheres, a Escalada terá 3 categorias: speed, bouldering e lead.
- Karatê: sendo uma modalidade de luta criada no Japão, o karatê será disputado em 2 categorias, kata e kumite. No total, serão 82 caratecas.
- Skate: o skate terá 2 categorias nos Jogos Olímpicos, street (corrida de rua) e park (formato de piscina). Ao todo, 80 skatistas disputarão o pódio dessas categorias.
- Surf: a modalidade vem ganhando a atenção mundial e contará com 20 representantes no masculino e no feminino.
Para mais informações sobre cada uma das novas modalidades, a SPORT BUSINESS já fez publicações sobre Beisebol/Softbol, Escalada Esportiva, Karatê, Skate e Surf.
LENDAS E PROMESSAS
Um dos aspectos mágicos dos Jogos Olímpicos é o intercâmbio entre gerações durante as competições. A cada quatro anos, os espectadores testemunham simbólicas “passagens de bastões” de atletas que marcaram gerações para jovens promessas, que geram expectativa de trazer continuidade aos grandes legados. Nos Jogos de Tóquio 2021, não é diferente, seja para os esportes estreantes, seja para os que são olímpicos há mais de 100 anos.
O surfe, nesse contexto, dá os primeiros passos em sua trajetória olímpica. Então, é possível dizer que todo atleta que competir, poderá entrar para a história como um dos primeiros medalhistas na modalidade. O lendário surfista Kelly Slater, aos 48 anos, ficou em terceiro lugar na seletiva estadunidense para os Jogos, o que, por uma vaga, o impediu de representar seu país. Porém, a longevidade de Slater é inspiradora para esportistas de diferentes gerações. O bicampeão mundial Gabriel Medina (2014 e 2018), bem como Ítalo Ferreira, atual campeão, representarão o Brasil neste ano. Ambos, apesar de já consolidados, ainda prometem muitas alegrias ao torcedor brasileiro, fazendo do país um dos favoritos ao ouro. A experiente Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb, gaúcha crescida no Havaí, trazem esperança de subida brasileira ao pódio no feminino.
Ainda nos esportes individuais, a ginástica tem atualmente um dos principais destaques do evento: Simone Biles. A americana de 24 anos coleciona 23 medalhas de ouro, 5 delas nos Jogos do Rio 2016. Portanto, trata-se de uma lenda em atividade que, apesar de muito jovem, é tida como a melhor ginasta da história. Por sua vez, a equipe brasileira de ginástica artística conta com nomes como Arthur Zanetti (medalha de ouro em 2012 e prata em 2016 nas argolas), Arthur Nory (bronze no solo em 2016) e a jovem Flávia Saraiva (que participou da última edição com apenas 16 anos).
No âmbito Olímpico, o futebol, cujos times devem ser formados majoritariamente por atletas de até 23 anos — visando à revelação de jovens talentos, e também em razão do calendário das competições. Porém, as equipes brasileiras contarão com a presença de duas figuras muito conhecidas e vividas no esporte neste ano: Formiga, de 43 anos, detentora do recorde de maior número de participações entre as jogadoras (participará de sua sétima edição). Pelo masculino, Daniel Alves, o jogador com mais títulos na história, fará parte do elenco aos 38 anos — objetivando a glória máxima com a medalha de ouro, ainda ausente em sua coleção de 41 troféus.
Por fim, na natação, o ícone Michael Phelps, detentor de 28 medalhas olímpicas e do maior número de medalhas de ouro em uma única edição olímpica (8), encerrou a carreira nas piscinas, tendo sua última participação em 2016. Porém, a lenda norte-americana tem atuado em outras atividades relacionadas ao esporte. Phelps é tido como mentor de muitos nadadores dos EUA e pretende ajudá-los com conselhos obtidos em sua experiência. Entre seus “pupilos’’, há nomes como Michael Andrew, Chase Kalisz e Hali Flickinger.
ACENDENDO A PIRA OLÍMPICA: A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO ESPORTIVO EM PERÍODOS DE TURBULÊNCIA
Em 2020, com o agravamento da pandemia provocada pelo novo Coronavírus, a continuação do ciclo olímpico foi ameaçada: a não realização da edição XXXII dos Jogos Olímpicos em meio à pandemia era inevitável. A dúvida central estava relacionada ao cancelamento ou à realização da competição com sede em Tóquio posteriormente. No entanto, ficou claro que as Olímpiadas estão no seleto grupo de eventos de magnitude global, os quais fazem do mundo um lugar melhor. O cancelamento dos jogos não traria incertezas apenas para a carreira de milhares de atletas: a perda se estenderia em todas as esferas da sociedade, uma perda que não seria somente econômica, mas também de ordem sentimental.
Portanto, o espírito olímpico move emoções ao redor do globo e conclama multidões a promoverem a empatia, aprenderem com o próximo, superarem barreiras e seguirem em frente mesmo diante das adversidades. Esse sentimento foi essencial em épocas extremamente delicadas, como nos períodos pós-guerras, em que as Olimpíadas foram cruciais para a apaziguamento das tensões entre nações que outrora se rivalizaram belicamente.
Assim, diante desse período turbulento que vivemos, o espírito olímpico nos mostra que juntos, como um só povo e uma só nação, a população mundial conseguirá remediar as chagas provocadas pela pandemia e trabalhar em conjunto para sanar as mazelas que assolam o mundo.
FONTES:
As 46 modalidades das Olimpíadas de Tóquio 2021
As novas modalidades dos Jogos Olímpicos
https://mrvnoesporte.com.br/historia-das-olimpiadas/
https://www.dci.com.br/esporte/historia-das-olimpiadas-muito-alem-da-competicao/111953/